07/04/2014

A ambivalência que precede o suicídio - CVV Vila Carrão

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
CURSO PARA NOVOS VOLUNTÁRIOS - CVV Vila Carrão
Inicio: 16 e 17/08/2014   / Horário: das 13 as 18h 
Contato: vilacarrao@cvv.org.br / 96439-3886 (tim) / 2097-4111

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

A ambivalência que precede o suicídio - CVV Vila Carrão

Periodicamente determinados vulcões entram em erupção dizimando com seu material magmático dezenas de cidades, povoados e campos, como aconteceu há pouco tempo na Islândia, quando um vulcão encapsulado sob uma geleira foi capaz de, com sua força, lançar nuvens de cinzas que prejudicaram o tráfego aéreo na Europa. Na Itália não foi diferente: violentas e incandescentes lavas do Etna espalharam terror sobre os habitantes da região, provocando fuga e morte quilômetros afora.
Por outro lado, não menos catastróficas, em algumas épocas do ano, são as destruições provocadas pelas chuvas que ultrapassam os níveis pluviométricos suportáveis pela natureza, vindo a causar enxurradas, fazendo transbordar rios que de roldão levam e matam o que encontram à sua frente, fato que ocorreu há pouco na região serrana do Rio de Janeiro.
Ante estas cenas avassaladoras cumpre-nos reportar-nos a uma catástrofe individual - o suicídio -, mas tão estarrecedora e preocupante quanto os cataclismos coletivos, já que envolve vida e, em se tratando de vida, uma única que seja, é o suficiente para que nos debrucemos sobre a questão.
É fato que antes da consumação do suicídio ou da tentativa frustrada o indivíduo se debate numa série de conflitos, os quais o sim e o não, o querer e o não querer morrer passam por várias gradações de intensidade dolorosas e aflitivas.
É como estarmos num trapézio, as mãos e os pés executando cautelosamente malabarismos na barra de ferro, mas pouco nos incomodando com o fato de que, lá embaixo, falta a rede capaz de amparar-nos na queda eventual.
É como viajarmos num navio seguro para um país longínquo, contudo nos recusando a simular exercícios num bote salva-vidas, medida preventiva para o caso da ocorrência de um naufrágio.
É como dormirmos e acordarmos ao sopé de um vulcão que, mesmo tido como extinto, a qualquer momento poderá entrar em erupção.
Reza a lenda que o filósofo pré-socrático Empédocles (490 a. C / 430 a. C.) teria se suicidado atirando-se numa das crateras do Etna, para provar que era um deus.
E que sentimentos levam algumas pessoas, conscientes de sua condição humana, sem a ostentação de pretender ser um deus, superada a fase de ambivalência, jogar-se nas suas próprias crateras interiores, valendo-se dos mais diversos meios de destruição?
Como voluntários do CVV não nos cabe julgamento, apenas compreensão para tão desolador ato, embora o bom senso nos indique que enquanto estiver ao nosso alcance a possibilidade de salvarmos a quem nos liga, devemos empreender todos os esforços nessa direção. Com a nossa ajuda, uma vez desaparecidos os sentimentos opostos que atormentam o outro e, o desabafo é preponderante neste trabalho de aliviar suas dores, talvez este seja o primeiro passo para que ele tome a iniciativa de fazer a sua opção pela vida.

Seção: Painel Livre
Artigo: A ambivalência que precede o suicídio
Autor: Bartyra
Posto: Recife (PE)
1258/14/03/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário