22/03/2016

Empatia é sintonia fina


Empatia é sintonia fina

Imagem ilustrativa da expressão inglesa "put yourself in my shoes", que sugere que alguém se coloque no nosso lugar, tendo em mente as nossas pegadas, nossos caminhos.


O termo empatia foi utilizado pela primeira vez pelo psicólogo Edward Titchener e se origina da palavra gregaempátheia, que significa “entrar no sentimento”. Para alcançarmos esse estágio, é necessário deixar de lado nossos próprios pontos de vista e valores e entrar no mundo do outro sem julgamentos.

A empatia é um fenômeno humano de consideração por outro ser humano, quando se busca compreender a partir do ponto de vista do outro, aceitando seus comportamentos sem críticas e juízos de valor, buscando vivenciar e compreender seus sentimentos e emoções como se fosse ele.

Caminhamos pela vida consumidos por um verdadeiro afã classificatório: julgamos, definimos e então descartamos as pessoas. Exercitamos o abdômen e exercitamos a memória. Por que não exercitar a empatia? Empatia é sintonia fina, e, como uma dança, ou aprendemos a dançar no mesmo ritmo ou pisamos no pé um do outro.

Não é verdade que devemos tratar as pessoas como gostaríamos de ser tratadas.Porque a outra pessoa é uma outra pessoa. Porque ela teve outra vida, outras experiências. Porque ela tem outros traumas, outras necessidades. Basicamente, porque ela não sou eu. Porque eu não sou, nem nunca vou ser, nem devo ser, a medida das coisas.
Utilizar a mim mesmo, minhas vontades e necessidades, o jeito que quero ser tratado, como se eu fosse o parâmetro para todas as outras pessoas, é a essência do narcisismo e do egocentrismo. É o exato oposto de empatia. A outra pessoa deve ser tratada não como eu gostaria de ser tratado, mas como ela merece e precisa ser tratada.

E como vamos saber como a outra pessoa merece e precisa ser tratada? O primeiro passo é sair de mim mesmo e deixar de me usar como parâmetro normativo do comportamento humano. Depois, preciso abrir os olhos e os ouvidos e o corpo inteiro, e reconhecer que existem outras pessoas no mundo, e que elas são todas bem diferentes de mim.

Nos exercícios de empatia, vamos tentar perceber, ver, ouvir, e sentir as pessoas à nossa volta, não para melhor entendê-las, mas para melhor aceitá-las, de forma mais aberta, mais empática, mais generosa.
Ao praticar a empatia, estamos nos abrindo a ouvir e a conhecer de verdade as pessoas ao nosso redor. Assim, temos a oportunidade de descobrir que, mesmo que tenham comportamentos e pensamentos muito diferentes dos nossos, é possível encontrar uma harmonia na interação. Desenvolver nossas habilidades perceptivas sobre o outro faz com que sejam criadas relações muito mais sinceras, prósperas e de confiança.


Terezinha
CVV Matão - 
 
 

12/05/2014

Platão e a prática do bem no CVV

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Platão e a prática do bem no CVV

Notícias chocantes proliferam diariamente na mídia falada e escrita. O misterioso assassinato de uma famosa design e estilista colunável, ocorrido em fevereiro de 2010, na Urca, elegante bairro carioca, agitou mais uma vez as colunas sociais dos grandes periódicos.
Não são desconhecidos de ninguém fatos de violência como este, acontecidos com parentes, amigos, companheiros de trabalho, conhecidos. São crianças vítimas de assédio sexual, de bulling nas escolas, adolescentes ingressando no tráfico das drogas para logo mergulharem no silêncio da morte prematura, adultos sofrendo assédio moral no ambiente de trabalho, idosos espancados nos próprios lares. Enfim, crimes praticados no dia a dia das cidades, dos campos, em toda a parte, inclusive pessoas, na sua maioria homens, matando as companheiras e suicidando-se após o ato.
Vários filósofos da antiguidade já se detiveram nas suas reflexões sobre tais acontecimentos. Platão, em sua República e no Livro das leis explanou com profunda sabedoria acerca destes intrincados temas. Para que o ser humano se mantivesse na prática do bem aludiu a inúmeras condições, citando entre elas a importância de que os indivíduos tivessem uma relação comunitária constante, que possuíssem um bem estimável e pelo qual cuidassem amorosamente, que tivessem uma ocupação (profissional), que fossem portadores de uma educação capaz de respeitar as leis, os costumes e os princípios.
Reportando-nos às vivências cevevianas dos voluntários vemos que muitos destes conceitos preconizados por Platão são o que realizamos na rotina do CVV, isto é, buscando sempre uma convivência em comum, pacífica entre todos; interessando-nos em preservar a instituição com zelo; dedicando-nos com amor ao desempenhar as funções, quer nos plantões, quer nas atividades, não importa tratar-se de um trabalho voluntário. Em suma, a preponderância do valor que damos ao respeito aos princípios e práticas que normatizam o andamento do trabalho são elementos fundamentais.
É evidente que nada é fácil de realizar, mas não há obstáculos que o homem não possa transpor. O que devemos ter é a consciência da prática do bem, é ter Iniciativa para as boas ações, é acreditar que sempre possuíremos ânimo para lutar e vencer.
O médico Albert Schweitzen que dedicou a sua vida a cuidar dos miseráveis africanos afirmou: "Não desanime, ainda que tenha que esperar antes de encontrar o que deseja, ainda que tenha que fazer diversas tentativas".
Que as nossas tentativas sejam sempre em prol do aperfeiçoamento e do desenvolvimento do CVV. Com base na ética e nos preceitos que se harmonizam na efetivação do bem, certamente poderemos aguardar, com entusiasmo, as comemorações do seu 50º ano da fundação, já tão próximo: 1º de março de 2012.


Platão e a prática do bem no CVV
Seção: Painel Livre
Artigo: Platão e a prática do bem no CVV
Autor: Comissão Redatora do Boletim do CVV
Posto: Comissão Redatora do Boletim do CVV
1131/04/03/2010

05/05/2014

O que esconde o suicídio?


O que esconde o suicídio?

Em São Paulo, em novembro de 2009, uma lamentável ocorrência invadiu os espaços da mídia brasileira: um rapaz de 30 anos, desesperado, arremessou o filho de 2 anos do 18º andar do edifício onde residia sua ex-mulher e em seguida se jogou. Segundo relatos de familiares e amigos a razão teria sido a separação da esposa ocorrida há poucos meses.
Não vai muito longe, com a diferença de poucas horas entre um fato e outro, 3 rapazes em países diferentes foram protagonistas de fatos semelhantes e estarrecedores: um jovem de 28 anos, desempregado, no Alabama, EUA, tentou a carreira policial sendo reprovado no exame. Montou uma lista de pessoas e deu início à chacina: armado de dois rifles e uma arma semiautomática disparou cerca de 200 tiros, matando a mãe, a avó, um tio, um sobrinho e um primo. Perseguido, suicidou-se.
Numa cidadezinha alemã, próxima de Stuttgart, um jovem de 17 anos considerado um adolescente normal e inofensivo, numa manhã, vestiu-se de preto, pegou uma pistola e foi até o ginásio onde estudava e deflagrou a arma 100 vezes. Matou 15 pessoas. Descobriu-se que gostava de uma garota que não correspondia ao seu amor. Perseguido pela polícia, ferido na perna, matou-se com um tiro.
E em Goiânia (GO), um cidadão de 31 anos, desempregado, certo dia convidou a mulher e a filha de 5 anos para experimentarem um vôo panorâmico. No caminho para o aeroclube atacou a companheira jogando-a na estrada com o carro em movimento. No aeroclube alugou um monomotor, conseguiu levantar vôo e ficou duas horas fazendo malabarismos perigosos até espatifar-se no estacionamento do principal shopping da cidade, morrendo com a filha.
Como explicar estas explosões de extrema violência contra si mesmos e contra os outros? Amores não correspondidos, desemprego, reprovação em concurso foram os desencadeadores destes terríveis dramas humanos, assim, anunciou a imprensa.
Entretanto, sabe-se que um ato suicida não se manifesta, salvo exceções, repentinamente e provocado por um único motivo. Por trás de cada gesto de quem pratica a autodestruição acumula-se uma grande quantidade de fatores que vai construindo, ao longo do tempo, a história de vida de quem acaba por optar por este doloroso caminho.
O nosso "Manual do Voluntário", no tema II, mostra-nos com clareza que existem os fatores causais e os desencadeantes do ato suicida. Os fatores causais são também chamados de causas primárias do suicídio e as razões desencadeantes são as denominadas causas secundárias.
Perder um amor, o emprego, um familiar, ser reprovado num concurso podem ser os fatores desencadeantes do suicídio, mas as causas primárias, aquelas que se acumulam e crescem dentro de alguém são os verdadeiros responsáveis pelos motivos de saída de cena de alguém do espetáculo da vida.
Daí ser de extrema importância a atenção do voluntário para estar em permanente vigilância aos fatos que estão por trás do motivo que revela um indivíduo para não mais querer viver. Dentro dele há uma sofrida, antiga e complexa trama de problemas que, a qualquer momento, poderá impulsioná-lo para o desequilíbrio emocional ante uma dor imediata, recente, e levá-lo a deflagrar a "bala" que provocará a sua autodestruição.


O que esconde o suicídio?
Seção: Painel Livre
Artigo: O que esconde o suicídio?
Autor: Bartyra
Posto: Recife (PE)
1104/23/12/2009

28/04/2014

Homens também choram / CVV - trabalho voluntário

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Homens também choram

O "Correio do Minho" de Braga, Portugal, de 17 de maio de 2009 fez uma revelação surpreendente, pelo menos para nós, brasileiros, afirmando que a maioria das pessoas que procura o SOS-Estudante, da Associação Acadêmica de Coimbra (AAC) - uma linha telefônica de apoio emocional -, pertence ao sexo masculino.
Diz a matéria que entre 60 a 70 por cento dos usuários que procuram apoio e conforto nesta linha telefônica criada há 12 anos, em Coimbra, são homens, situando-se a média de suas idades por volta dos 40 anos. Solidão, sexualidade e relacionamentos são os problemas mais freqüentes nos seus contatos quando buscam apoio.
A Associação Acadêmica de Coimbra (AAC) inicialmente foi criada para atender a estudantes, contudo, com o passar do tempo foi dando apoio a outras pessoas, oriundas de diversos pontos do país, o que evidencia que em qualquer parte de Portugal ou de outro lugar qualquer do mundo, há sempre alguém necessitando de ser ouvido, de desabafar, de comunicar-se, de revelar-se e de conhecer-se em profundidade.
É difícil uma pessoa "partir para uma tentativa de suicídio - assegura o artigo - sem ter dado sinais de alerta antes". Daí a importância do ouvido amigo sem críticas ou julgamentos, afinal, como afirma Gonzaguinha numa das mais de suas expressivas canções: "Um homem também chora, menina, morena, também deseja colo, palavras amenas". Que estas palavras amenas não lhes falte, quer sejam oferecidas por um voluntário do CVV, quer por um membro da AAC, o importante é que o seu apelo encontre ressonância na solidariedade de alguém.

Seção: Painel livre
Artigo: Homens também choram
Autor: Comissão Redatora do Boletim
Posto: Comissão Redatora do Boletim
1008/05/06/2009


TAGS: CVV - trabalho voluntário

21/04/2014

É nos lugares mais felizes que acontecem mais suicídios - CVV

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É nos lugares mais felizes que acontecem mais suicídios

Sempre ouvimos falar que países considerados de primeiro mundo, como a Dinamarca, Suíça e Suécia têm a melhor qualidade de vida do planeta. E que, por consequência, seus habitantes estão entre os mais satisfeitos do mundo. A parte estranha é que esses "lugares felizes" possuem taxas bem altas de suicídio. É o que se relata no site http://super.abril.com.br/blogs/cienciamaluca/e-nos-lugares-mais-felizes-que-acontecem-mais-suicidios/
Pesquisadores dos departamentos de economia da Universidade de Warwick, do Hamilton College e do Banco Central de São Francisco, todos nos EUA, decidiram checar. Eles combinaram dados de duas grandes pesquisas para ver qual era a relação entre a felicidade do povo e a quantidade de pessoas que se mata em diferentes estados daquele país.
A análise mostrou que a anormalidade é verdadeira: "os estados mais felizes têm maiores taxas de suicídio do que aqueles que são menos felizes", aponta o estudo. "Por exemplo, Utah está em 1º lugar em satisfação com a vida, mas tem a 9ª maior taxa de suicídio. Enquanto isso, Nova Iorque é o 45º estado mais feliz, mas tem o menor índice de suicídios nos EUA".
E qual a causa, finalmente, deste paradoxo? Concluíram os pesquisadores que "pessoas infelizes em um lugar feliz podem se sentir especialmente maltratadas pela vida. Como somos sujeitos a variações de humor - acrescentaram eles -, as baixas podem ser mais toleráveis em um contexto - seja uma época ou um lugar - no qual outras pessoas também estejam infelizes".
Daí ser sempre válido os voluntários cevevianos estarem sempre atentos para aqueles que ligam aparentemente felizes, passando trotes, brincando. Por trás de tudo poderá haver uma dor impossível de ser suportada, necessitando apenas de compreensão para emergir e derramar-se do coração de quem camufladamente a conduz.

É nos lugares mais felizes que acontecem mais suicídios
Seção: De olho na notícia
Artigo: É nos lugares mais felizes que acontecem mais suicídios
Autor: Edson
Posto: Ribeirão Preto (SP)
1241/09/12/2010

14/04/2014

Lixo e suicídio: pontos de partida para a reciclagem - CVV vila Carrão

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CURSO PARA NOVOS VOLUNTÁRIOS - CVV Vila Carrão
Inicio: 16 e 17/08/2014   / Horário: das 13 as 18h 
Contato: vilacarrao@cvv.org.br / 96439-3886 (tim) / 2097-4111
 
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Lixo e suicídio: pontos de partida para a reciclagem 

O jornalista da Globo News, André Trigueiro, apresentador do programa Mundo Sustentável e
voluntário especialista do CVV, Regional Rio-Vitória, em www.mundosustentavel.com.br, faz uma notável e interessante analogia entre o catador de lixo e o mundo sustentável, quando afirma que ambos guardam afinidades importantes. Nos parágrafos a seguir escreve ele alternando as significativas comparações:
Em primeiro lugar, ambos desafiam o tabu de lidar com assuntos que a sociedade abomina ou despreza. Seguem na contramão do senso comum, desafiam a cultura dominante, lidam com o preconceito.
O catador enxerga os resíduos com outros olhos. Ele não perde tempo com o lixo. Separa apenas o que ainda tem serventia e lhe garante o sustento.
O voluntário do CVV enxerga o ser humano com outros olhos. Acredita no valor de cada um, na capacidade que temos de dar a volta por cima. Por pior que seja a situação de quem o procura, o voluntário investe tempo e energia no exercício da escuta amorosa, resgatando o valor e a autoestima de quem muitas vezes se sente um trapo.
O catador ajuda a reduzir o monumental volume de resíduos que satura os aterros e lixões. O voluntário do CVV ajuda a reduzir a perturbação que satura a alma e impede a correta avaliação dos fatos.
O trabalho realizado pelo catador reduz os indicadores de desperdício. Reciclagem significa economia de matéria prima e energia. O trabalho realizado pelo voluntário do CVV reduz as estatísticas de suicídio. A existência do CVV implica na economia de dor, de sofrimento, e consequentemente, de suicídio.
O lixo contamina o solo, a água, o ar. Sem o catador, a quantidade de resíduos contaminados espalhando doenças seria maior. Em contato com a sujeira, os recicláveis viram problema, e ganham status de caso de saúde pública. A reciclagem não é a solução definitiva, mas ajuda.
O suicídio também é caso de saúde pública e foco de contaminação. Especialistas da área de saúde estimam que para cada caso de suicídio, um grupo próximo de aproximadamente dez pessoas, entre parentes e amigos, carrega um trauma para o resto da vida. Sem os voluntários do CVV, o número de suicídios ou pessoas perturbadas seria certamente maior. O CVV não é a solução definitiva para o problema do suicídio, mas contribui efetivamente para a prevenção.
Para a reciclagem de lixo acontecer, basta separar aquilo que pode ser reutilizado. É um gesto simples, não requer erudição, nível superior nem conhecimentos técnicos sofisticados. Basta boa vontade.
Para a reciclagem de pessoas acontecer, a experiência do CVV também demonstra que não é preciso erudição, nível superior ou conhecimentos técnicos sofisticados. Basta boa vontade.
Os estudiosos do lixo afirmam que tudo absolutamente tudo o que é descartado tem serventia. Até a parte orgânica do lixo tem a sua riqueza: pode virar adubo natural de ótima qualidade ou fonte de energia pela utilização do gás metano. São Paulo abriga a primeira usina de energia do Brasil sobre um aterro de lixo (Aterro Bandeirantes) que abastece duzentas mil pessoas.
Os estudiosos da alma afirmam que cada um de nós é único no universo, portanto cada existência guarda consigo uma singularidade, um valor inerente à vida. Até os momentos de dor e de sofrimento são especialmente ricos pelas lições que nos trazem, pela fortaleza que construímos dentro de nós a partir dessas experiências. Para que possamos descobrir essa riqueza por nós mesmos, é que existe o CVV. São Paulo abriga desde 1962 o primeiro grupamento de voluntários que abraçaram com alegria e determinação essa causa. A partir de São Paulo, o Brasil inteiro está sendo fecundado pela semente do bem, trazida pelo CVV.
Que a reciclagem de materiais ou de pessoas continue inspirando gestos e atitudes na direção de um mundo mais justo, feliz e sustentável.

Lixo e suicídio: pontos de partida para a reciclagem
Seção: De olho na notícia
Artigo: Lixo e Suicídio: pontos de partida para a reciclagem
Autor: Comissão Redatora do Boletim
Posto: Comissão Redatora do Boletim
1149/05/05/2010

 

07/04/2014

A ambivalência que precede o suicídio - CVV Vila Carrão

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A ambivalência que precede o suicídio - CVV Vila Carrão

Periodicamente determinados vulcões entram em erupção dizimando com seu material magmático dezenas de cidades, povoados e campos, como aconteceu há pouco tempo na Islândia, quando um vulcão encapsulado sob uma geleira foi capaz de, com sua força, lançar nuvens de cinzas que prejudicaram o tráfego aéreo na Europa. Na Itália não foi diferente: violentas e incandescentes lavas do Etna espalharam terror sobre os habitantes da região, provocando fuga e morte quilômetros afora.
Por outro lado, não menos catastróficas, em algumas épocas do ano, são as destruições provocadas pelas chuvas que ultrapassam os níveis pluviométricos suportáveis pela natureza, vindo a causar enxurradas, fazendo transbordar rios que de roldão levam e matam o que encontram à sua frente, fato que ocorreu há pouco na região serrana do Rio de Janeiro.
Ante estas cenas avassaladoras cumpre-nos reportar-nos a uma catástrofe individual - o suicídio -, mas tão estarrecedora e preocupante quanto os cataclismos coletivos, já que envolve vida e, em se tratando de vida, uma única que seja, é o suficiente para que nos debrucemos sobre a questão.
É fato que antes da consumação do suicídio ou da tentativa frustrada o indivíduo se debate numa série de conflitos, os quais o sim e o não, o querer e o não querer morrer passam por várias gradações de intensidade dolorosas e aflitivas.
É como estarmos num trapézio, as mãos e os pés executando cautelosamente malabarismos na barra de ferro, mas pouco nos incomodando com o fato de que, lá embaixo, falta a rede capaz de amparar-nos na queda eventual.
É como viajarmos num navio seguro para um país longínquo, contudo nos recusando a simular exercícios num bote salva-vidas, medida preventiva para o caso da ocorrência de um naufrágio.
É como dormirmos e acordarmos ao sopé de um vulcão que, mesmo tido como extinto, a qualquer momento poderá entrar em erupção.
Reza a lenda que o filósofo pré-socrático Empédocles (490 a. C / 430 a. C.) teria se suicidado atirando-se numa das crateras do Etna, para provar que era um deus.
E que sentimentos levam algumas pessoas, conscientes de sua condição humana, sem a ostentação de pretender ser um deus, superada a fase de ambivalência, jogar-se nas suas próprias crateras interiores, valendo-se dos mais diversos meios de destruição?
Como voluntários do CVV não nos cabe julgamento, apenas compreensão para tão desolador ato, embora o bom senso nos indique que enquanto estiver ao nosso alcance a possibilidade de salvarmos a quem nos liga, devemos empreender todos os esforços nessa direção. Com a nossa ajuda, uma vez desaparecidos os sentimentos opostos que atormentam o outro e, o desabafo é preponderante neste trabalho de aliviar suas dores, talvez este seja o primeiro passo para que ele tome a iniciativa de fazer a sua opção pela vida.

Seção: Painel Livre
Artigo: A ambivalência que precede o suicídio
Autor: Bartyra
Posto: Recife (PE)
1258/14/03/2011